terça-feira, 3 de novembro de 2015

Homeopatia tira da própria doença a substância para a cura das pessoas

Sistema medicinal alternativo, homeopatia utiliza o princípio da similitude para restabelecer equilíbrio vital do indivíduo.Autor(a): Tiago Moreira
Desde a juventude, seu Jorge Antônio Pereira sempre preferiu os remédios "mais naturais possíveis". Há cerca de 18 anos, precisando tratar uma labirintite e uma dor ou outra no corpo, ele desviou da medicina convencional e foi buscar a ajuda de um homeopata. "Um remédio comum ajuda de um lado, mas atrapalha de outro", acredita o senhor de 81 anos, que toma todo dia cerca de cinco gotinhas de quatro frascos diferentes. Já sua esposa, Delfina Sartori Pereira, 80, sofria com os severos efeitos colaterais da quimioterapia e também buscou auxílio na homeopatia. "Ajudava a cortar o veneno da quimio", afirma ela.

Há relatos de que os gregos já praticavam a homeopatia, mas a história deste sistema medicinal alternativo começou a ser escrita de fato em 1790. Descontente com os tratamentos de sua época, o médico alemão Samuel Hahnemann resolveu experimentar em si mesmo a quinina, utilizada no tratamento de malária e arritmias cardíacas, e sentiu os sintomas como se estivesse sofrendo um ataque de febre intermitente. "Essa experimentação permitiu reformular o princípio da similitude: o semelhante com o semelhante se trata", explica Andrea Furlan, farmacêutica da Natural Via.

Grosso modo, o princípio da similitude significa que o que causa mal a alguém "saudável" pode curar alguém doente. Isso porque a homeopatia não enxerga a doença de forma isolada. "Na homeopatia, a origem da doença é causada por um desequilíbrio da força ou energia vital que anima todo o ser. Essa força vital conserva a saúde ao manter todo o organismo funcionando de modo equilibrado e harmonioso", esclarece Andrea.

Características

O medicamento homeopático se caracteriza pelas dinamizações (quando a substância original é diluída e agitada). É receitado após uma consulta médica específica, portanto, é único para aquele quadro e para aquele momento.

Para ter acesso à receita, seu Jorge precisou passar por uma "investigação médica", também conhecida como anamnese, para tentar descobrir a origem dos sintomas. "O médico pergunta tudo, desde quando você se conhece por gente", conta ele. "A evolução de cada paciente deve ser acompanhada de perto para que, a qualquer momento, se altere o medicamento se necessário", acrescenta a farmacêutica Cláudia Furlan.
A homeopatia é bastante indicada para problemas do trato gastrointestinal, ginecológicos, dermatológicos, respiratórios e falta ou expressão exagerada de "resistência" (infecções virais e bacterianas frequentes e doenças alérgicas), além de problemas emocionais como a depressão. 

Tratamento 

O efeito do medicamento homeopático depende da natureza da doença - se ela é aguda (recente) ou crônica (persistente). "Nos casos agudos, o alívio pode ser sentido poucos minutos após utilizar o medicamento e a primeira dose pode curar a doença completamente. Nos casos crônicos, pode demorar mais para se obter uma resposta", sublinha Andrea.

Também, de acordo com a farmacêutica, pode ser empregada com segurança em qualquer idade, até mesmo em recém-nascidos ou pessoas com idade avançada. Não são conhecidas quaisquer restrições de seu uso como auxiliar nos tratamentos convencionais, e vice-versa.

"Algumas vezes, durante o tratamento, pode ocorrer uma piora dos sintomas. Essa agravação inicial é geralmente um bom sinal e significa que o seu corpo está respondendo ao medicamento. Embora os sintomas físicos possam piorar por um período curto, a pessoa como um todo irá começar a se sentir melhor", pondera Andrea.

Utilização e conservação 

O modo de utilização e conservação do medicamento pode interferir no resultado do tratamento, pois seu efeito pode ser alterado ou anulado em função de diversas situações. "A presença de gostos fortes na boca provenientes de cremes dentais ou enxaguatórios bucais, chás, balas, café ou alimentos interferem na ação dos medicamentos, sendo recomendado administrar com intervalos de 30 minutos", comenta Andrea.

Produtos à base de cânfora, mentol e/ou salicitato de metila (Gelol, Vick Vaporub, pomada Minâncora, Massageol, gel para massagem, Doutorzinho, gel analgésico etc.) não devem ser utilizados, pois anulam o efeito dos medicamentos homeopáticos. "Não se sabe ao certo como esta inibição acontece, mas um estudo desenvolvido pela Faculdade de Medicina de Marília (Famema), em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), confirma que a cânfora inibe a ação de medicamentos homeopáticos. O mesmo vale para o café, pelo menos até que seja evidente que o remédio receitado está correto", alerta Andrea.

Os medicamentos de forma líquida devem ser utilizados diretamente debaixo da língua, evitando que o conta-gotas ou tampa do frasco toquem a boca para que não haja contaminação. Os glóbulos, pastilhas ou comprimidos devem ser colocados na tampa e, desta, direto à boca.

Quanto ao armazenamento, deve ser mantido em sua embalagem original e não deve ser colocado junto ou próximo a aparelhos como televisão, rádio, geladeira, micro-ondas, computador, celular e imãs, ou locais com cheiro forte, como gavetas e armários com perfumes, sabonetes, produtos cosméticos, de limpeza ou à base de cânfora e mentol, naftalina e condimentos.

Nas viagens de carro, recomenda-se o armazenamento dos frascos em sacolas térmicas ou caixas de isopor, pois o sol e o calor podem danificar os medicamentos. Também devem ser mantidos fora do alcance das crianças, não devem ser indicados a amigos ou parentes, nem se automedicar, pois esses remédios são individualizados.



Medicina alternativa ou pseudociência?

A homeopatia é utilizada como tratamento alternativo em 80 países e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a sua prática como medicina alternativa e complementar. No Brasil, foi reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina em 1980 e é utilizada pelo Sistema Único de Saúde desde 2006.

Ainda assim, é vista por parte da medicina como pseudociência. Para a farmacêutica Andrea Furlan, a homeopatia é um sistema terapêutico com linguagem e abordagem própria e peculiar, existindo há mais de 200 anos, se mantendo pelo seu alto grau de efetividade na obtenção da cura e na promoção de saúde de muitas gerações. "Os seus excelentes resultados conferiram-lhe uma alta aceitação popular. Ela é vista pelas populações que dela fazem uso como uma terapêutica eficaz, segura e desprovida de efeitos colaterais adversos, cumprindo o seu papel na promoção e manutenção da saúde através de seus resultados."

A farmacêutica pondera, entretanto, que não é tão fácil chegar ao medicamento que curará o paciente. "Isso exige do médico muita sensibilidade e conhecimento e participação ativa do paciente, pois só ele é capaz de expressar seguramente aquilo que sente. Ao médico caberá avaliar, valorizar, hierarquizar e decidir quais serão os sintomas dignos de se levar em consideração para prescrição do medicamento mais apropriado", afirma.

Os medicamentos homeopáticos são produzidos segundo uma farmacotécnica própria, devendo ser manipulados pelo farmacêutico homeopata, cuja missão principal é fabricá-los de forma pura e perfeitamente correta. "Não adianta escolher um excelente profissional homeopata para realizar uma consulta se no momento do preparo do medicamento não forem seguidas as técnicas de preparo necessárias", observa Cláudia Furlan, também farmacêutica.

A eficácia de um tratamento homeopático, concluem as farmacêuticas, é resultado de uma consulta bem conduzida pelo médico aliada ao medicamento corretamente produzido pelo profissional farmacêutico. "Estas duas etapas são fundamentais no resultado esperado: a cura."

fonte: http://www.jornaldebeltrao.com.br/

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